O dia a dia da
gente já é corrido demais para ficar pensando bobagens. É essa a frase
que procuro repetir a todo instante. Tenho tentado me estressar menos,
sorrir mais. Carregar menos o mundo nas costas, dormir em paz. Me
esforço para tirar a tensão dos ombros, relaxar completamente. Não é
fácil, não. Ainda mais para uma pessoa como eu.
Normalmente,
quero resolver tudo. E rápido. Depois, paciência e talvez são palavras
que não gosto muito. Engraçado, antigamente eu era bem deitada,
acomodada, sossegada. Não tinha pressa, não me preocupava em perder
tempo. Sinto que amadureci: não quero perder um segundo. Continuo
preguicenta, mas não me sinto mais deslocada no mundo dos adultos. O
tempo passa, anda quase correndo. Isso me assusta um pouco, por isso
procuro acompanhar o passo dele. Quero tudo e muito rápido. Não consigo
acompanhar minhas próprias vontades, palavras e verdades.
Uma
coisa eu decidi: não vou mais perder a cabeça. Aquela outra, aquela
moça de pavio curto, que se irritava, explodia e se cansava a cada dia
que passa deixa de existir mais um pouco. Ando mais centrada, coloco as
coisas na balança, penso mais, reflito. Tem coisa que eu deixo passar.
Não vale a pena. Tem gente que não vale a dor de cabeça. Tem coisa que
não vale uma gastrite nervosa. Entende isso? Não vale. Não vale dor
alguma, sacrifício algum.
Com
a maturidade (em outras palavras: com os parafusos aparafusados
direitinho), a gente começa a perceber o que merece e o que não merece a
nossa atenção. Isso vale para coisas, pessoas, ideias, sentimentos. Tem
coisa que não vale um real. Outras tantas valem um milhão. Nossas dores
e amores.
Não
vale a pena complicar. Responder. Bater a cabeça na parede. Pagar
R$1.000,00 por mês em terapia. Chutar pedra. Brigar com o marido. Comer
feito louca. Beber um monte. Inventar rancores. Acumular trapos. Não
vale. A vida é tão maior que isso. E tem gente tão minúscula nesse
mundo. Pessoas que estão sempre se queixando que falta isso, falta
aquilo. Gente que não vive. Outros, ainda, não sabem a sorte que têm.
São negativos. Como foi a cirurgia do fulano? Ah, ele quase morreu, mas
agora tá bem. Como está o casamento? Ah, a gente brigava todo dia, mas
agora estamos nos acertando. Como está o trabalho? Ah, estou odiando,
mas não tem coisa melhor. Como foi a apresentação na faculdade? Ah, foi
horrorosa, mas deu tudo certo. E assim por diante. Pessoas que antes de
responder soltam um "ah" ou então aproveitam a deixa para se lamentar.
Pessoas que aumentam tudo, se sentem vítimas da situação, querem chamar a
atenção. Gente que adora uma desgraça. Gente que não sabe enxergar o
lado bom. Como foi a cirurgia do fulano? Tudo ótimo, está se recuperando
bem. Como está o casamento? Está bom, como tudo na vida tem altos e
baixos. Como está o trabalho? Igual a resposta anterior. Como foi a
apresentação na faculdade? Ótima, passei! Tem que ser assim.
Chega de reclamar: abra o coração, a mente e descomplica.
Clarissa Corrêa
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