segunda-feira, 18 de março de 2013

A Mãe Maluquinha

Durante todo o processo de reabilitação e criação da Aninha, eu sempre cultivei e inserí muita brincadeira . . . Tudo é motivo para brincar, fiz isso para que ela pudesse fazer “as coisas chatas” que toda criança reclama e no caso de uma criança especial tudo é mais chato, pois eles tem dificuldade até de segurar um simples objeto, então... decidi que a hora de escovar os dentes, de tomar banho de se alimentar e de fazer fisioterapia seriam as horas mais legais e divertidas, assim conseguí estabelecer de algum modo dentro da cabecinha da Ana que é necessário fazer sem reclamar e ainda dá para brincar.
Imaginem como é difícil explicar que tem que fazer fisio, alongamentos, treinos, em articulações doídas e ossos deformados? Ou ainda um simples escovar de dentes numa boca já compromometida por um anomalia cranio-facial e dentes saindo desordenadamente. É lógico que ela não quer sentir dor, então recusa, reclama, aí entra em cena a palhacinha . . . Pareço uma macaca de circo fazendo graça e tirando o foco da dor e do incômodo, trazendo mais alegria no cotidiano dela que não é fácil . . . Fazer curativos, lidar com uma sonda grudada na barriga e expressamente proibido qualquer alimentação oral por risco de aspiração pulmonar . . . Tomar 23 medicamentos diferentes, sentir o estômago explodir de queimação, tentar dormir e acordar com pesadelos.
Nós em casa sempre tivemos o costume de sentarmos à mesa para as refeições, mas depois da gastro da Ana isso ficou quase impossível, pois ela nos vê comendo, sente o cheiro da comida, e pede... como negar? Como digerir uma comida de forma natural sabendo que sua filha está com vontade? Então nos adaptamos, cada um come num canto da casa ou em horários diferentes, no início eu pedia até para não fazer barulho nos pratos ou fechar a porta da cozinha para ela não sentir o cheiro . . . Nossa ! que difícil lembrar disso. Mas hoje também conseguí explicar e fazer com que ela entendesse de uma maneira carinhosa que ela não podia comer normalmente como nós, e hoje ela já se senta a mesa conosco e já podemos ir a casa dos outros sem receio, pois ela sabe que sua alimentação é diferente e o tempo ajudou para que não sentisse tanta vontade de comer pela boca.
O que me ajudou bastante foi entender e assimilar tudo o que estava acontecendo com ela, só de olhar eu já sei o que é. Parece que consigo ler sua mente e ela a minha.
Hoje já é tudo bem mais fácil, Ana continua resmungona nas sessões de fisio, mas sabe que é necessário fazer, a fase está meio complicada porque a Mãe maluquinha agora não usa mais balde ou panelas na cabeça, bichinhos coloridos e sim microfone e música eletrônica, tentando imitar os cantores preferidos, tudo vira uma balada sertaneja ou um show de calouros. Rola funk, pagode, sertanejo e rock. Rs
Eu quero que enquanto nossa missão durar aqui na terra, ela seja o mais suave e divertida o possível, hoje já não tenho tanta ambição de que Aninha saia da cadeira correndo, ou fale uma frase inteira, ou morda uma maçã, eu apenas quero que ela VIVA!

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Brincar é uma condição de ser séria, e seriedade fica bem próxima da inteligência, e quando se junta tudo sai uma mistura maluca de amor (que funciona) ! Me chamem de Maluca sim . . . eu devo ser mesmo, Maluca por Aninha.

2 comentários:

  1. Parabéns querida!
    Continue sempre esta palhacinha amorosa, para amenizar o sofrimento de Ana.
    Deus te abençoe sempre!

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  2. Vc e uma benção,continue maluquinha,e por essas e outraz coisas que continuamos a levantar todos os dias,Deus abençoe vc ,sua filha e toda sua família.

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